A pesquisa, liderada pelo Dr. David Willer da Universidade de Cambridge e pelo biólogo marinho Dr. Reuben Shipway, analisou cerca de 8.000 comentários de postagens em mídias sociais e revela que, apesar de sua aparência de verme, 84% das pessoas que experimentaram moluscos pelados relataram ter gostado deles.
Os bivalves de crescimento rápido são ricos em nutrientes essenciais, como ácidos graxos ômega-3 e vitamina B12. Sua capacidade única de transformar madeira em proteína e outros nutrientes vitais faz deles uma fonte de alimento de baixo impacto e alta recompensa - perfeita para um mundo que precisa de soluções sustentáveis.
Ao analisar milhares de comentários em vídeos vistos milhões de vezes, a equipe de pesquisa identificou os desafios e as oportunidades de reposicionar os moluscos nus como um alimento desejável. O estudo constatou que, embora alguns consumidores em potencial sejam desencorajados pela aparência dos moluscos ou pela associação com pragas antes de experimentá-los, muitos desses céticos são conquistados depois de experimentá-los.
Essa mudança de "nojento para gourmet" é mais do que apenas uma jogada de marketing; é uma prova do poder da educação e da inovação culinária. As amêijoas nuas já são um prato famoso em partes do sudeste da Ásia, Austrália e América do Sul, onde são servidas de várias maneiras: desde cruas e marinadas até empanadas e fritas. O estudo também descobriu evidências anedóticas que sugerem que os moluscos nus podem ter benefícios para a saúde, incluindo o uso como tônico para doenças, afrodisíaco masculino e até mesmo um suplemento para mães que amamentam. A equipe de pesquisa está interessada em realizar mais pesquisas para testar formalmente essas alegações.
Uma iguaria com potencial global
A equipe de pesquisa enfatiza que as amêijoas nuas podem ter o potencial de se tornar um alimento básico nas dietas globais, assim como a quinoa ou a couve, que já foram alimentos de nicho, mas agora são amplamente reconhecidos por seus benefícios à saúde. Com esforços estratégicos, como campanhas educativas, demonstrações culinárias e conteúdo direcionado de mídia social, os moluscos nus poderão em breve chegar a mais pratos em todo o mundo, argumentam eles.
Como o Dr. Shipway reflete em um comunicado à imprensa: "É incrível pensar que uma espécie que já afundou navios e mudou o curso da história possa agora ajudar a salvar nosso planeta. Os moluscos nus são um exemplo perfeito de como as soluções da natureza podem ser encontradas nos lugares mais inesperados."
"Nosso próximo passo é investigar os vários benefícios à saúde relatados pelo consumo de moluscos pelados. Ouvimos afirmações de que elas são um poderoso afrodisíaco, curam doenças e até fortalecem o leite materno. As amêijoas nuas já são apreciadas como uma iguaria e podem ser o próximo grande superalimento."
O Dr. Willer acrescenta: O fato de 84% das pessoas que experimentaram amêijoas nuas terem gostado delas é uma prova do seu potencial como iguaria. Estamos apenas arranhando a superfície do que esses bivalves podem oferecer à culinária global.
"Igualmente importante é o fato de que, antes de experimentar os moluscos pelados, apenas 50% das pessoas achavam que iriam gostar deles, o que enfatiza a importância fundamental de encontrar maneiras de fazer com que as pessoas experimentem novos alimentos pela primeira vez e tenham uma experiência positiva
"Por meio do poder da mídia social e da IA, obtivemos percepções exclusivas sobre as atitudes do público em relação aos moluscos pelados. Essa abordagem não só tem o potencial de revolucionar os sistemas alimentares, mas também funciona como um modelo para outros que pretendem levar alimentos novos e inovadores aos mercados de massa."
"Os moluscos pelados são mais do que apenas um alimento novo - eles são um símbolo de como podemos repensar nossa abordagem à sustentabilidade. Se pudermos transformar uma praga percebida em um prato gourmet, as possibilidades para outras espécies subutilizadas são infinitas."